sexta-feira, 13 de março de 2009

Glauco Mattoso


Jornal Dobrabil
Alguns excertos do Jornal Dobrabil, publicados na revista 34 Letras:
A obra é um roubo. O leitor é um bobo. O autor é um ladrão. A autoria é uma usurpação. A criação é uma fraude. Criatividade é repertório. Imaginação é memória. Idéia não é propriedade. (número 2, 1977)

UM JORNAL SEM NOVIDADES. JD não é o primeiro a dar as últimas, nem o último a dar as primeiras. JD só dá matéria de segunda mão, embora com segundas intenções. O único furo do JD é de tanto bater. Que o digam o seu vizinho direito do datilógrafo, o "o" minúsculo e o caralho. JD: SEMPRE NA MESMA TECLA. (número 16,1977)

JD não se responsabiliza pelos conceitos assinados. Aliás, JD não se responsabiliza nem pelas assinaturas... JD: O JORNAL QUE ASSINA O LEITOR. (número 19,1977)

"Entrei na de vocês e estou mandando uns pensamentos que surrupiei do Pascal. Quem sabe vocês conseguem contrabandeá los como produto marxista." Luiz Carlos MacieI, Rio, RJ.

(Mas quem disse que queremos impingir Pascal por Marx? Isto, por exemplo "É muito melhor conhecer algo acerca de tudo que tudo acerca de uma coisa só: o universal é sempre melhor." só tem graça se for assinado por Rockefeller. Marx assinaria melhor algo como "É preferível ser dono de um valentão que escravo de dois." Pedro o Podre) (número 19,1977)

A crítica é a arte de avaliar a arte. Como a arte não vale nada, a crítica é inútil. Sendo inútil, é necessariamente uma arte e igualmente importante. Dar lhe a devida importância consiste, pois, em não levá-la a sério. (número 15, 1977)

Glauco Mattoso é poeta, ensaísta,ficcionista e desenhista. Seus últimos livros publicados são: Rockabillyrcy, de 1988 (poesia); A estrada do roqueiro: raízes, ramos & rumos do rock brasileiro, de 1988 (ensaio); As solas do sádico, de 1990 (ficção); As aventuras de Glaucomix, o pedólatra, de 1989, em parceria com Marcatti (história em quadrinhos).

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